sábado, 17 de dezembro de 2011

Ao próximo sem julgamento de valores


Escrever, as vezes, é algo difícil. Acho que escrever quando você tem muita coisa para dizer é mais difícil do que quando você não tem nada para dizer.

Organizar as ideias, os pensamentos e sentimentos, tentando colocar razão nas palavras, quando você está envolvido com tanta emoção! Foi com este turbilhão de emoções que comecei e recomecei este post uma dezena de vezes.

O presídido do Butantã é um lugar especial! #fato

Em meio as lembranças, experiências e histórias que vivemos neste ano nas visitas aquele lugar, a única coisa em que consigo pensar são naquelas meninas, senhoras e mulheres. Cada vida uma história, cada história de vida uma tragédia. Sorrisos, cantos, alegria. Essas coisas não combinam com aquele lugar, mas estão ali juntas e misturadas como uma receita para amenizar a cruel realidade.

A cada final de música, palmas. Palmas para nós? Palmas para os cantores? Para algumas delas sim, mas para mim e para tantas outras, não. Palmas para a mensagem de esperança! Esperança? Sim, pois mesmo com tantas histórias tristes, tragédias, justiças, injustiças, carência e sofrimento há lugar para esperança. Acho que todas são vítimas de um sistema, de uma formação, de um contexto familiar, de uma estrutura, na verdade, todos nós somos vítimas disso tudo.

A hora de ir embora é cruel. Fico tentando, em vão, imaginar como serão os momentos que se seguem quando tudo acaba, vamos embora e elas ficam. Seus olhares fitados em minhas costas  passando pelas grades, pelos portões e, ao invés da alegria, o que se vê são as costas de quem se distancia e desaparece no fechar do portão, o que se ouve é o bater da grade e o fechar do cadeado. A vida continua para mim mas para elas a única coisa que continua é o pagar de seus pecados.

Em meio a um cenário enlouquecedor, abunda esperança por dias melhores. Este é o meu paradoxo. Este é o mundo que eu analiso. A loucura e a esperança andam juntas naquele lugar.

Sobre as palmas? Elas ainda ecoam nas minhas lembranças, mas as palmas devem ir para as sobreviventes, para as vencedoras, para as que estão se redimindo, não para mim.

As palmas são para o Autor da vida, o dono de tudo isso que tenho vivido.

O que preenche a vida é fazer os outros felizes. #fato

Até a próxima!

9 comentários:

  1. Parabéns querido! Amei!

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  2. Muito bom Zan...é realmente isso que nós sentimos quado estamos naquele lugar.

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  3. Eh isso aí... Palmas para a esperança e que neste Natal façamos a diferença na vida dos nossos irmãos! HG

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  4. Muito bom. Vcs levaram uma pontinha de esperança, que privilégio. Parabéns Dani Kiss

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  5. Tenho a impressão de que se cumprimos nosso papel (transmissão da Esperança), elas não ficam do mesmo jeito.
    Olhar o portão se fechando e suas costas virando o próximo lance de escada não é frustante, senão a mais pura materialização da Esperança que foi transmitida.
    Penso que acima da possível dor do ficar, está a alegre certeza plantada no solo de quem um dia espera sair. Para estas, estar lá "fora" inciou-se num profundo e revolucionário sentimento de quem não queria estar mais "dentro". Paradoxal, mas real.
    A questão é que os que estão "fora" VOLTAm, mas com qual objetivo?
    Estar fora e não VOLTAr com o objetivo dAquele que o fez sair, não vale a pena.
    Tpitágoras

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  6. Muitas Palmas daquele Lugar, mais Para quem?
    Para um coral de jovens? com certeza não, e sim apra elas que por força da circunstâncias vive naquele lugar que não imaginamos quando saimos, de quandoda horário de subir para celas, de quando tem que se despedir de um ente querido,e muito dificil. Por isso o que fazemos e uma centelha de esperança que colocamos no coração daquelas mulheres e para elas o nosso aplauso, por nos ouvir cantando e falando e as vezes interpretando sobre o nosso maravilhoso Jesus que quebra barreiras.
    E Por falar em Barreiras, lembra Zan do seu sentimento na nossa primeira visita em um presidio, q sensação?
    Como as coisa muda e começamos a olhar de uma outra forma para aquele lugar e para aquelas meninas, muitas vezes refem de um sistema, mais esse e o Nosso papel, escolhemos essa missão trtazer esperança e trnasformar vidas e se isso acontece isso sim mereçe umas Palmas.
    Que Deus abençoe.




    keno

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  7. É isso aí Keno. Por isso que escrevi: "Sobre as palmas? Elas ainda ecoam nas minhas lembranças, mas as palmas devem ir para as sobreviventes, para as vencedoras, para as que estão se redimindo..."

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  8. Boa TPitagoras... você também tem razão, mas eu não tenho um olhar tão "romântico" sobre o day-after... a realidade ainda é cruel, mesmo com a semente da esperança plantada. Os dias continuam passando devagar... não deve ser fácil mesmo cheios de esperança.

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